O que é Bioimpedância?
A
BIA é um método não-invasivo, indolor, livre de radiação,
rápido, seguro e simples, capaz de estimar clinicamente a composição
corporal do organismo, estimando os compartimentos de gordura, massa
muscular e hídrico.
É
um método relativamente preciso, que consiste na passagem pelo corpo
de uma corrente elétrica de baixa amplitude e alta frequência. Isso
permite mensurar a resistência (R) e a reactância(Xc).
A
partir dos valores de R e Xc são calculados a impedância (Z) e o
ângulo de fase (PhA), estimada a água corporal total (TBW), além
da quantidade de água extracelular (ECW) e intracelular (ICW).
A
seguir, a massa livre de gordura (FFM) pode ser calculada, assumindo
que a TBW é uma parte constante da FFM. Então, a massa de gordura
corporal (BF) e a massa de células corporal (BCM) podem também ser
mensuradas.
Deve-se
considerar que a BIA se trata de um método de composição corporal
considerado descritivo, ou seja, os compartimentos corporais são
estimados por meio de derivação estatística, a partir de
comparação com outros métodos considerados padrão-ouro, como o
DXA ou pesagem subaquática. Os únicos dados que são derivados
diretamente da R e Xc são a impedância e o ângulo de
fase.
É
essencial o uso de equações apropriadas de BIA à população de
estudo, já que há variações corporais entre os grupos étnicos,
sexo e idade.
Tipos
de aparelhos para BIA
Há diversos tipos de aparelhos disponíveis, e são relativamente
baratos e portáteis (pequeno porte).
Existem aqueles que variam entre o número de eletrodos e a posição
em que são colocados, podendo ser essas posições pé-mão, pé-pé
ou mão-mão. Esquemas mão-mão ou pé-pé, em geral, são
utilizados em aparelhos domésticos, pela sua maior facilidade de
uso.
Os aparelhos de BIA também podem ser classificados quanto à região
do corpo submetida ao exame ou tipo de frequência utilizada.
Quanto à região examinada, pode ser considerada
regional, quando a corrente atravessa apenas a porção superior ou
inferior do corpo (como, por exemplo, mão-mão ou pé-pé); total (a
corrente atravessa todo o corpo) ou segmentar (apenas um segmento
corporal ou membro é avaliado).
Quanto ao tipo de frequência
utilizada, a BIA pode ser considerada de frequência única (50 kHz)
ou multifrequencial (frequências de 5 a 1000 kHz).
Orientações
para BIA: jejum absoluto de 8h, não realizar exercícios
físicos extenuantes nas 12h anteriores ao teste, não ingerir álcool
48h antes do teste, esvaziar a bexiga pelo menos 30 minutos antes da
avaliação e retirar objetos metálicos do local de colocação dos
eletrodos no momento da realização do teste, deve suspender o uso
de medicamentos diuréticos no mínimo 24 horas antes da realização
do teste.
Como
fazer a análise da BIA
- Os pacientes devem ter sua altura e peso aferidos no momento do exame;
- O paciente deve estar em decúbito dorsal, descalço e com os membros inferiores afastados, ficando os pés distantes um do outro em cerca de 30 cm. O paciente deve permanecer em decúbito dorsal em repouso por pelo menos 10 minutos antes do exame;
- O paciente deve retirar objetos de metal presos ao corpo, como anéis e brincos;
- Após a obtenção do peso (P), altura (Alt), resistência (R) e reactância (Xc), aplicando-se fórmulas, são estimados os compartimentos corpóreos
Curiosidades
- Os pacientes portadores de HIV devem ter uma medida inicial da bioimpedância para poder detectar mudanças significantes em sua composição corporal.
- O tronco contribui com aproximadamente 50% da massa condutiva, mas somente 10% da bioimpedância corporal total.
- Pode estimar a composição corporal de pacientes com sobrepeso, tendo se demonstrado válida para pacientes com IMC até 34 kg/m2. Em obesos mórbidos, a maioria das equações não consegue predizer confiavelmente a composição corporal e não são reprodutíveis nos indivíduos durante seu seguimento.
- Pacientes gravemente mal-nutridos ou anoréticos nervosos (IMC<16 kg/m2) têm resultados afetados pelo grau de hidratação corporal e devem ser interpretados com cuidado durante a realimentação.
- Não foi verificada interferência da bioimpedância em marca-passos e desfibriladores, mas há a possibilidade do campo criado pela corrente afetá-los.
- Pode-se realizar BIA em crianças, mas deve-se ter em mente que a proporção de água corporal na criança é maior que no adulto e este fato pode dificultar a interpretação dos resultados da bioimpedância.
Referências
Cômodo
ARO, Dias ACF, Tomaz BA, Silva-Filho AA, Werustsky CA, Ribas DF,
Spolidoro J, Marchini JS. Utilização da Bioimpedância
para Avaliação da Massa Corpórea.
Autoria: Associação Brasileira de Nutrologia Sociedade Brasileira
de Nutrição Parenteral e Enteral; jan 2009
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