domingo, 27 de julho de 2014

Bioimpedância (BIA)

O que é Bioimpedância?
A BIA é um método não-invasivo, indolor, livre de radiação, rápido, seguro e simples, capaz de estimar clinicamente a composição corporal do organismo, estimando os compartimentos de gordura, massa muscular e hídrico.
É um método relativamente preciso, que consiste na passagem pelo corpo de uma corrente elétrica de baixa amplitude e alta frequência. Isso permite mensurar a resistência (R) e a reactância(Xc).
A partir dos valores de R e Xc são calculados a impedância (Z) e o ângulo de fase (PhA), estimada a água corporal total (TBW), além da quantidade de água extracelular (ECW) e intracelular (ICW).
A seguir, a massa livre de gordura (FFM) pode ser calculada, assumindo que a TBW é uma parte constante da FFM. Então, a massa de gordura corporal (BF) e a massa de células corporal (BCM) podem também ser mensuradas.
Deve-se considerar que a BIA se trata de um método de composição corporal considerado descritivo, ou seja, os compartimentos corporais são estimados por meio de derivação estatística, a partir de comparação com outros métodos considerados padrão-ouro, como o DXA ou pesagem subaquática. Os únicos dados que são derivados diretamente da R e Xc são a impedância e o ângulo de fase.
É essencial o uso de equações apropriadas de BIA à população de estudo, já que há variações corporais entre os grupos étnicos, sexo e idade.


Tipos de aparelhos para BIA

Há diversos tipos de aparelhos disponíveis, e são relativamente baratos  e portáteis (pequeno porte).
Existem aqueles que variam entre o número de eletrodos e a posição em que são colocados, podendo ser essas posições pé-mão, pé-pé ou mão-mão. Esquemas mão-mão ou pé-pé, em geral, são utilizados em aparelhos domésticos, pela sua maior facilidade de uso.
Os aparelhos de BIA também podem ser classificados quanto à região do corpo submetida ao exame ou tipo de frequência utilizada.
Quanto à região examinada, pode ser considerada regional, quando a corrente atravessa apenas a porção superior ou inferior do corpo (como, por exemplo, mão-mão ou pé-pé); total (a corrente atravessa todo o corpo) ou segmentar (apenas um segmento corporal ou membro é avaliado).
Quanto ao tipo de frequência utilizada, a BIA pode ser considerada de frequência única (50 kHz) ou multifrequencial (frequências de 5 a 1000 kHz).



Orientações para BIA: jejum absoluto de 8h, não realizar exercícios físicos extenuantes nas 12h anteriores ao teste, não ingerir álcool 48h antes do teste, esvaziar a bexiga pelo menos 30 minutos antes da avaliação e retirar objetos metálicos do local de colocação dos eletrodos no momento da realização do teste, deve suspender o uso de medicamentos diuréticos no mínimo 24 horas antes da realização do teste.

Como fazer a análise da BIA
  • Os pacientes devem ter sua altura e peso aferidos no momento do exame;
  • O paciente deve estar em decúbito dorsal, descalço e com os membros inferiores afastados, ficando os pés distantes um do outro em cerca de 30 cm. O paciente deve permanecer em decúbito dorsal em repouso por pelo menos 10 minutos antes do exame;
  • O paciente deve retirar objetos de metal presos ao corpo, como anéis e brincos;
  • Após a obtenção do peso (P), altura (Alt), resistência (R) e reactância (Xc), aplicando-se fórmulas, são estimados os compartimentos corpóreos


Curiosidades
  • Os pacientes portadores de HIV devem ter uma medida inicial da bioimpedância para poder detectar mudanças significantes em sua composição corporal.
  • O tronco contribui com aproximadamente 50% da massa condutiva, mas somente 10% da bioimpedância corporal total.
  • Pode estimar a composição corporal de pacientes com sobrepeso, tendo se demonstrado válida para pacientes com IMC até 34 kg/m2. Em obesos mórbidos, a maioria das equações não consegue predizer confiavelmente a composição corporal e não são reprodutíveis nos indivíduos durante seu seguimento.
  • Pacientes gravemente mal-nutridos ou anoréticos nervosos (IMC<16 kg/m2) têm resultados afetados pelo grau de hidratação corporal e devem ser interpretados com cuidado durante a realimentação.
  • Não foi verificada interferência da bioimpedância em marca-passos e desfibriladores, mas há a possibilidade do campo criado pela corrente afetá-los.
  • Pode-se realizar BIA em crianças, mas deve-se ter em mente que a proporção de água corporal na criança é maior que no adulto e este fato pode dificultar a interpretação dos resultados da bioimpedância.
Referências

Cômodo ARO, Dias ACF, Tomaz BA, Silva-Filho AA, Werustsky CA, Ribas DF, Spolidoro J, Marchini JS. Utilização da Bioimpedância para Avaliação da Massa Corpórea. Autoria: Associação Brasileira de Nutrologia Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral; jan 2009

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